quinta-feira, 7 de abril de 2011

O que é a esquerda ?

É muito comum nos depararmos com situações em que reduzimos aspectos humanos de alguém afim de enquadrá-lo em determinado papel social.
Também é muito comum aplicarmos o famoso estereótipo a alguma situação, ou até a uma idéia.
Além dos problemas psicológicos decorrentes de querer se enquadrar em um grupo (se encaixar em um estereótipo) isso pode gerar separações desnecessárias.
É comum acharmos que o militante de esquerda é aquele que não gosta de consumir, que as vezes é dês-plugado das novas tecnologias, que defendem a economia acima de tudo (enquanto modo de produção e distribuição), que participa de passeatas, etc.
Ora, o sujeito que se classifica como alguém de esquerda pode ser anarquista e ler Bakunin, pode ser um acadêmico marxista, um professor comunista, o cidadão no ônibus que não se conforma com todas as injustiças cometidas contra seu povo ou o garoto mandando mensagens eletrônicas para milhares de pessoas da rede.
Se pensarmos um pouco, veremos que as características comuns entre as muitas correntes de militantes da esquerda (inclusive aquelas que não se perceberam ainda como corrente) são poucas, porém intimamente importantes.
Ora, todas essas pessoas de alguma maneira, acham que os benefícios gerados pelo trabalho coletivo devem ser distribuídos coletivamente.
A ultima grande ruptura da esquerda no cenário nacional, mostrou o quanto é ineficiente estereotipar. O PT, perdeu boa parte de seus membros por que fez alianças e concessões que desagradou boa parte de seus membros. O que vimos acontecer logo após essa ruptura, foi uma radicalização de ambos os grupos, os dissidentes e os que ficaram. A base desse grande partido poderia ter pressionado o governo (junto a outros partidos de esquerda) para que atuassem de maneira mais consoante com seus interesses, mas ao invés disso, essa base assistiu a implantação de um governo de cúpula, enquanto os dissidentes faziam criticas muitas vezes sem reconhecer as possibilidades de acordo.
Outra grande critica que se faz, aos comunistas, é que o comunismo não da certo e isso já foi provado pela URSS. Bem, não precisamos entrar em detalhes para chegarmos a conclusão de que a experiência comunista teve aspectos positivos e negativos em muitos países. Estamos falando da proposta de uma economia planejada, ou seja, temos a possibilidade de modificar qualquer aspecto antes de implantá-lo.
Outro fator de desentendimento entre as esquerdas é a indução a ignorância sobre muitos aspectos promovidos por jornais de partidos. Se analisarmos o Gramma Internacional, veremos que este é bem menos parcial do que a maior parte dos jornais de partidos nacionais. Isto acontece pela vontade de condicionamento dos nossos partidos a causas e visões especificas. Para ser mais claro, o jornal que ao invés de fazer uma análise mínima das instituições e dos papéis que cada pessoa pode exercer dentro destas, chama este ou aquele setor de reacionário ou burguês (homogeneizando a Policia, a Justiça, O Executivo) perde, neste momento, o poder de mostrar ao policial, ao juiz, ao prefeito, ao professor, ao empresário que este tem um papel social dentro da estrutura capitalista. Mais tarde este jornal pode perder também seu leitor e militante, quando este perceber que a vida é mais complexa do que a explicação que lhe foi dada.
É importante analisar que isso (a complexidade da vida) não diz que não existe luta de classes e uma apropriação da riqueza gerada pela força de trabalho, mas faz o militante perder o vigor.
Eloi Carvalho Torres é Homo Sapiens Sapiens

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