quinta-feira, 14 de abril de 2011

A esquerda de vanguarda

O leitor mais atento deve estar consciente da mais surpreendente inovação da política brasileira: o discurso da transformação do PSDB de um partido apoiador do liberalismo econômico em um partido mais de esquerda.
Não é novidade que figuras conhecidas como José Serra e Fernando Henrique já namoraram com as idéias marxistas. Porém o mais estranho aconteceu quando Alberto Goldman disse no programa televisivo Roda Viva que acredita num marxismo diferente e que este marxismo pode até trabalhar em junção com uma política neoliberal.
Embora Fernando Henrique Cardoso insiste que o PSDB deve tentar captar a nova classe média, Alckmin quer ampliar os programas sociais como o renda cidadã. Claro que toda esta movimentação dos tucanos esta associada a sua progressiva regressão no numero de eleitores e poder, fenômeno acontecido por conta da era Lula.
O PT por sua vez, embora tenha obviamente uma política mais social e distributiva, já faz parte dos grandes partidos do cenário nacional, ou seja, sujeito as mesmas pressões de grandes empresas.
Menciono estes fatos por que o rótulo de esquerda passa a ser cada vez mais situacional e passível de distorções. Embora precisemos apoiar os programas sociais –perfeitamente adaptados a estrutura capitalista- que melhoram a qualidade do nosso povo como o ProUni e O Renda mínima, devemos lembrar que resta ao humano preocupado com um futuro mais igualitário é uma esquerda de vanguarda desfragmentada.
Sabemos que os anos de lutas e conquistam garantem ao MST o titulo de movimento de esquerda de grande influencia, mas não garante as conquistas futuras. Ousaria dizer que os intelectuais dos pequenos, porém importantes, partidos de esquerda teriam um grande campo de união ao participar – ainda mais ativamente – da legitimidade cientifica do papel social que as reformas agrárias poderiam trazer a sociedade e a esquerda. Para aprofundar neste pensamento, devemos lembrar que o MST esta perdendo influencia entre alguns pensadores ( e ganhando entre outros é verdade) que sustentam que para se ter uma revolução mais eficiente é necessário modernizar o capitalismo. Então o trabalho que se apresenta não é o de desmentir essa questão, mas mostrar como a modernidade agrícola pode se fazer presente na luta do campo.
Outro dado importante a ser observado é que a esquerda de vanguarda se faz pouco presente dentro das periferias, residência dos que seriam mais importantes para esses partidos. Muitos programas de benfeitoria locais podem ser feitos nas periferias sem grande dispêndio de dinheiro, ao invés, força física e mental. Se posicionar contra as políticas assistenciais petistas frente a essas pessoas torna-se além de improdutivo, ilegítimo, haja vista a melhora na qualidade de vida dessas pessoas. Este mesmo habitante da periferia é capaz de analisar uma critica ao PT quando esta é pertinente.

Eloi Carvalho Torres é homo sapiens sapiens

domingo, 10 de abril de 2011

Animais: a próxima questão

Carne a próxima questão
Além de Paul McCartney e Yoko Ono muitas outras pessoas deixam de comer carne. Uns por quererem se livrar do colesterol, outros por entenderem que os animais não deveriam ser criados para nos servirem de comida.
Comentar a pena que nos causa ver um rosto animal ao caminhar para o abate já não é necessário, pois é fato evidente e inegável, assim, vamos nos concentrar nos benefícios e malefícios a saúde humana.
O argumento mais usado pelos “carnívoros” é de que somente a carne possui a quantidade e variedade de proteínas necessárias ao bom funcionamento diário do corpo humano.
Já os vegetarianos alegam que não há um alimento completo, e que a completude se da com uma alimentação variada, assim, até mesmo a carne deixa de ser necessária.
Na realidade a questão nutricional é somente um dos campos em que essa batalha se trava. Batalha sim, e essa já esta sendo travada entre humanos. Não belicamente, mas através de propagandas e ideologias.
Ouço dizer aqui que esta será a próxima grande questão da humanidade. Próxima por que a atual é exatamente a exploração de um humano por outro.

Eloi Carvalho Torres é homo sapiens sapiens

sábado, 9 de abril de 2011

Intolerância ignorante programada.

Muammar El Gaddafi é o responsável pelo mais novo embate entre as esquerdas. Alguns que se intitulam stalinistas (alguns não se declaram) argumentam que a mídia internacional esta distorcendo a verdade sobre a Líbia ( que não podemos confiar na grande mídia é muito obvio) e que se trata de mais uma agressão imperialista. Estes ainda escrevem que as rebeliões na Libia são motivadas por interferências imperialistas externas.
Com relação a Gaddafi (ou Caddafi) acho que podemos concordar (todos nós) que alguém que diz que a Al Qaeda colocou alucinógenos no leite das crianças de seu país não é alguém que preze pela inteligência deste mesmo povo.
Já alguns auto intitulados trotskistas (outros sem títulos) argumentam que a falta de Democracia deve ser combatida a todo custo, e seguramente Gaddafi não é visto por estes como legitimo defensor da Democracia. Devemos lembrar que muitos desses trotskistas deixam de reconhecer os óbvios avanços na Bolívia e na Venezuela.
Antes de continuar meu pensamento gostaria de deixar bem claro que tanto Estados Unidos como União Européia tem interesses econômicos na região e que os dados , mas também que o povo líbio também gosta de viver bem, e viver bem é sempre ter expectativa de se conseguir o que não se tem, seja liberdade de expressão ou pão.
Podemos perceber que ainda andamos em extremos, ou seja, que as esquerdas se apressam em enquadrar toda a complexidade da política em seus poucos rótulos, quando deveriam agir, como o próprio Marx recomendou, trabalhando de acordo com a situação, mesmo que tenha que se fazer aliança com um grupo de interesses políticos diferentes afim de derrotar um inimigo comum ao alcançar objetivos comuns. Então a questão não é somente as revoltas no mundo islâmico, mas sim a conversa entre as esquerdas.
Sobre esse ponto podemos analisar a política externa chinesa, mas isto é assunto para outro texto.
Eloi Carvalho Torres é homo sapiens sapiens

Açucar de chumbo

Quero agua doce
Quero o gosto da uva
Mas é veneno
Não venera o que aprendi
Nas guerras, na escravidão, na vida
Adeus açucar de chumbo
Talvez eu não fique louco
Talvez eu deixe de ser
Perdi o império que não conquistei
Trouxe um tempo obscuro

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Não não lugar

Não não lugar

Eu mudei mas, não morri
Contesto o destino:
Estou aqui:

A marca que a massa criou
Diz não
Num lugar virtual
Meu espaço é real
Pensante ser, na rede social

Seres mudos nos mudam
Sou moderno e não mudo
Naterra dos diamantes
Ou dos elefantes
Acordamos gigantes

Agora é não!
No lugar virtual
24/03/2011

Eloi Carvalho Torres é homo sapiens sapiens

O que é a esquerda ?

É muito comum nos depararmos com situações em que reduzimos aspectos humanos de alguém afim de enquadrá-lo em determinado papel social.
Também é muito comum aplicarmos o famoso estereótipo a alguma situação, ou até a uma idéia.
Além dos problemas psicológicos decorrentes de querer se enquadrar em um grupo (se encaixar em um estereótipo) isso pode gerar separações desnecessárias.
É comum acharmos que o militante de esquerda é aquele que não gosta de consumir, que as vezes é dês-plugado das novas tecnologias, que defendem a economia acima de tudo (enquanto modo de produção e distribuição), que participa de passeatas, etc.
Ora, o sujeito que se classifica como alguém de esquerda pode ser anarquista e ler Bakunin, pode ser um acadêmico marxista, um professor comunista, o cidadão no ônibus que não se conforma com todas as injustiças cometidas contra seu povo ou o garoto mandando mensagens eletrônicas para milhares de pessoas da rede.
Se pensarmos um pouco, veremos que as características comuns entre as muitas correntes de militantes da esquerda (inclusive aquelas que não se perceberam ainda como corrente) são poucas, porém intimamente importantes.
Ora, todas essas pessoas de alguma maneira, acham que os benefícios gerados pelo trabalho coletivo devem ser distribuídos coletivamente.
A ultima grande ruptura da esquerda no cenário nacional, mostrou o quanto é ineficiente estereotipar. O PT, perdeu boa parte de seus membros por que fez alianças e concessões que desagradou boa parte de seus membros. O que vimos acontecer logo após essa ruptura, foi uma radicalização de ambos os grupos, os dissidentes e os que ficaram. A base desse grande partido poderia ter pressionado o governo (junto a outros partidos de esquerda) para que atuassem de maneira mais consoante com seus interesses, mas ao invés disso, essa base assistiu a implantação de um governo de cúpula, enquanto os dissidentes faziam criticas muitas vezes sem reconhecer as possibilidades de acordo.
Outra grande critica que se faz, aos comunistas, é que o comunismo não da certo e isso já foi provado pela URSS. Bem, não precisamos entrar em detalhes para chegarmos a conclusão de que a experiência comunista teve aspectos positivos e negativos em muitos países. Estamos falando da proposta de uma economia planejada, ou seja, temos a possibilidade de modificar qualquer aspecto antes de implantá-lo.
Outro fator de desentendimento entre as esquerdas é a indução a ignorância sobre muitos aspectos promovidos por jornais de partidos. Se analisarmos o Gramma Internacional, veremos que este é bem menos parcial do que a maior parte dos jornais de partidos nacionais. Isto acontece pela vontade de condicionamento dos nossos partidos a causas e visões especificas. Para ser mais claro, o jornal que ao invés de fazer uma análise mínima das instituições e dos papéis que cada pessoa pode exercer dentro destas, chama este ou aquele setor de reacionário ou burguês (homogeneizando a Policia, a Justiça, O Executivo) perde, neste momento, o poder de mostrar ao policial, ao juiz, ao prefeito, ao professor, ao empresário que este tem um papel social dentro da estrutura capitalista. Mais tarde este jornal pode perder também seu leitor e militante, quando este perceber que a vida é mais complexa do que a explicação que lhe foi dada.
É importante analisar que isso (a complexidade da vida) não diz que não existe luta de classes e uma apropriação da riqueza gerada pela força de trabalho, mas faz o militante perder o vigor.
Eloi Carvalho Torres é Homo Sapiens Sapiens