sábado, 3 de setembro de 2011

A Questão do Estado da Palestina

Este pequeno artigo trata sobre o comportamento dos Estados Unidos frente à decisão da Autoridade Nacional Palestina de submeter a ONU a legitimação do Estado da Palestina.

Muitas vezes temos dificuldade em aplicar os conceitos que aplicamos na História das relações entre países a nossa própria época. É como se os países fossem totalmente insensíveis e desleais nas suas antigas políticas, porém estas, deslealdade e insensibilidade, não se aplicariam hoje. Logo os organismos de regulamentação internacional seriam justos e imparciais hoje. Claro que isto não esta nem próximo da verdade, e podemos considerar este tipo de visão etnocêntrica temporal. Os mesmos interesses mesquinhos ainda atuam sob a forma de ideologia tentando disfarçar suas reais intenções. Este é o caso da questão do reconhecimento do Estado Palestino.
Os Estados Unidos da América do Norte, EUA, sempre apoiaram financeiramente e militarmente o Estado de Israel, mesmo quando este massacrava homens, mulheres e crianças palestinas, em troca de um bom ponto militar sob o qual pode interferir na região que é importante não apenas por seu petróleo ( Arábia Saudita, Iraque, Kuwait etc.) mas também por seu fácil acesso ao Mar Mediterrâneo e Oceano Indico.
Hoje (no ano atual) a Autoridade Nacional Palestina (ANP) quer submeter o reconhecimento de seu Estado a Organização das Nações Unidas, ONU, mas a política imperialista estadunidense, que sempre reservou farpas ao povo palestino, quer impedir este progresso básico para um povo.
Os Estados Unidos já haviam anunciado que vetara o pedido da ANP no Conselho de Segurança da ONU, uma vez que para que a decisão de reconhecimento do Estado Palestino aconteça, tal conselho precisa aprovar a decisão e os Estados Unidos são um dos países super poderosos com o poder de veto.
Vendo que sua imagem internacional pode ficar abalada os Estados Unidos ameaçam suspender a ajuda econômica dada a Palestina caso esta insista na tentativa de reconhecimento de seu Estado através da ONU. Essa é uma situação muito interessante ( e não estou sequer pensando na questão de que tal reconhecimento é incomparavelmente mais importante que a ajuda econômica ) e merece ser analisada atentamente.
Então o Estado mais poderoso do mundo ameaça boicotar um pequeno país caso este use os meios aceitos e incentivados pela maior parte dos países do mundo, inclusive os Estados Unidos, para tentar o reconhecimento da soberania sob esse pequeno território. Mais surpreendente se torna a questão quando lembramos que a requisição da ANP é apenas o reconhecimento da determinação da própria ONU.
O discurso adotado pelo presidente Barack Obama é de que a legitimação do Estado da Palestina com fronteiras estipuladas pela ONU, a saber, as fronteiras de antes da Guerra dos Seis Dias de 1967, não condiz com o exigido pela atual conjuntura. Neste discurso esta embutido a defesa de que Jerusalém seja capital religiosa única e indivisível de Israel e que as terras palestinas onde há colonos israelenses assentados devam pertencer a Israel. Portanto o que Obama parece levar em consideração é que a atual divisão da região configura a necessidade de um novo acordo a respeito das fronteiras de Israel, Palestina e talvez Síria. Isto por que Israel ocupa parte do que é considerado território da Siria, as Colinas de Golã. Porém podemos pensar em situação confortável e situação não confortável afim de incrementar a questão com uma justiça baseada em valores comuns a grande maioria das civilizações atuais. Decididamente a situação em que a maior parte dos palestinos vivem por conta da política expansionista de Israel, que sempre obteve a complacência dos Estados Unidos, deve ser considerada não apenas desconfortável, mas também indigna do ponto de vista das necessidades básicas do humano. Assim, os palestinos devem ter acesso a água, terra e possibilidades de transitar sob seu território. A pretensão de Edward Said de um estado que congregasse israelenses e palestinos vivendo em harmonia e dignidade é sem dúvida a solução ideal para a região, porém a dignidade do povo palestino hoje é dependente do reconhecimento de seu estado.


Eloi Carvalho Torres é homo sapiens sapiens